sábado, 13 de novembro de 2010

Memória

MEMÓRIA


A memória humana entende-se facilmente se soubermos como funciona a memória dos computadores. A diferença entre o computador e o homem está na capacidade.
No computador a memória é limitada e conhece-se quanta está ocupada e quanta está vazia. No homem a memória é ilimitável e não há memória vazia. Apenas há memória preenchida e a capacidade limite é a capacidade do cérebro. No estado actual do conhecimento não se sabe qual a capacidade do cérebro.
A memória de cada indivíduo está dividida em duas partes. Uma parte grande que é inconsciente e uma parte pequena que é consciente.
A memória inconsciente contém todos os dados que os nossos sentidos registaram desde o nosso nascimento — tudo o que vimos, tudo o que ouvimos, tudo o que sentimos, tocamos, cheiramos, saboreamos, e tudo o que soubemos e já nos esqueceu. Contém ainda todas as ideias, planos, sonhos e fantasias que tivemos no passado. Esta memória inconsciente é ilimitada. O limite dela é o limite do tempo de vida. Uma pessoa que tenha setenta anos de tempo de vida passa setenta anos a registar dados inconscientemente, mesmo a dormir.
A memória consciente contém todos os dados que recebemos e criamos da mesma forma que a memória inconsciente, mas que não esquecemos, e pelo contrário, nos são úteis, nos ajudam diariamente contribuindo para a nossa vida quotidiana, nas nossas relações com os outros, no trabalho, escola, família e lazer, e nas nossas relações connosco próprios, fazendo parte desta memória consciente toda a nossa personalidade, o que somos, quem somos, em que acreditamos, e quais são os nossos valores e ideais de vida. Desta memória faz parte também toda a nossa história passada que recordamos.
Na memória inconsciente encontra-se todo o nosso passado esquecido e na memória consciente encontra-se todo o nosso passado que recordamos. O consciente e o inconsciente fazem ambos parte da memória e por isso estão em interligação constante. Constantemente estão dados a passar do consciente para o inconsciente e vice-versa. Esta passagem é por si inconsciente ou autónoma, apesar de poder ser influenciada conscientemente – nós podemos tentar esquecer ou recordar algo, mas nem sempre o conseguimos — depende da força existente entre o consciente e o inconsciente.
A memória inconsciente engloba todos os dados que passaram pelo consciente juntamente com os que entraram directamente para o inconsciente.
A memória consciente apenas engloba os dados que foram registados conscientemente, embora alguns tenham origem no inconsciente.
Ao contrário da memória inconsciente que é ilimitada — apenas limitada pela vida — a memória consciente é limitada, mas não se sabe quais os limites, pois serão os limites do cérebro que depende de pessoa para pessoa.
A memória consciente está em correlação com todas as outras funções do cérebro — pensamento, raciocínio, etc. — assim, a capacidade do cérebro pode-se esgotar se a entrada, transformação, e saída de dados for excessiva. Como num computador, pode atingir o limite. A memória é a base do cérebro. Todos os dados com que o cérebro funciona estão na memória, consciente ou inconscientemente. Se a memória falhar, por acidente cerebral, ou por desorganização nos dados da memória consciente por excesso de novos registos ou excesso de dados vindos do inconsciente que a memória não consegue registar conscientemente, acontecerá uma espécie de confusão ou engarrafamento cerebral do qual resultam muitas das patologias psicológicas.
A memória funciona biologicamente por tensões eléctricas existentes entre e nas células cerebrais. Para funcionar perfeitamente é necessário que todo o corpo físico do cérebro, e dependentes — sistema nervoso, endócrino, sanguíneo... — e todo o corpo em geral, esteja saudável.
A memória inconsciente apenas se reconhece conscientemente, embora se manifeste muitas vezes sem ser reconhecida — por exemplo, quando a nossa expressão facial contradiz o discurso sem nos apercebermos.
Como nos computadores, a memória consciente seria a memória usada no processamento de informação — memória activa e que consome energia — e a memória inconsciente seria todo o armazenamento acumulado. Alguns autores defendem a existência de uma memória colectiva inconsciente, pela qual cada um terá acesso, inconscientemente, a tudo o que existiu, existe e existirá — nada o provou.
A nossa memória compreende-se entre o totalmente consciente — como o nosso nome que sabemos sempre — passando pela fase conjunta de consciente-inconsciente, onde há registos que estão em permanente mutação, até ao imenso inconsciente onde estão todos os registos que nós nem sabemos que temos.
Todo o vastíssimo conjunto de dados registados na nossa memória, quer consciente quer inconsciente, serve também como base de todo o nosso ser, que pela consciência, pela personalidade, pelo pensamento, e pelo sentimento humano, nos define como seres superiores perante todos os demais seres vivos.
O ser humano, animal racional, através da memória consciente obtém a consciência. Só com consciência se pode raciocinar. A memória inconsciente depreende a irracionalidade. Uma e outra, memória consciente e memória inconsciente, sincronizadas com as doses que a natureza exige, formam um todo imprescindível à condição humana.
A memória em si são registos do passado, mas é com estes registos que nós para além de recordarmos o passado, vivemos o presente e projectamos o futuro.

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