sábado, 25 de setembro de 2010

Matéria

MATÉRIA


Matéria é toda a existência física, e é a base de toda a existência não física. Sem matéria nada existe. Desde o mais ínfimo grão — invisível ao olho humano: o átomo — ao grandioso universo de cujos limites desconhecemos, tudo é matéria ou nela assenta.
A matéria é a única realidade corpórea ou material, e é a causa de todas as realidades incorpóreas ou não materiais. Só existimos porque existe matéria e tudo o que alcançamos só o alcançamos porque existe matéria. O nosso corpo é matéria e tudo o que o rodeia é matéria ou dela surge. A luz, a cor, o som, a temperatura, a radiação, a pressão, e etc; são registos provenientes de matéria que os nossos sentidos captam de uma forma indirecta — sem contacto físico — inversamente à textura, densidade, consistência, elasticidade, e etc; que, sendo desconhecidos, só com o tacto os podemos analisar ou conhecer.
Toda a matéria caracteriza-se comummente por ter peso e ocupar espaço. De facto, toda a matéria existe em forma de massa. Desde o mais pequeno grão, passando por todos os objectos materiais — naturais e artificiais — por todos os seres, dos mais simples aos mais complexos, até aos cometas, planetas, estrelas e similares. Resumindo, tudo o que é visível, palpável e medível, é composto por massa, logo ocupa espaço. Onde está uma quantidade de matéria, é aquela que lá está e não pode es-tar outra — dois automóveis não podem cruzar-se em simultâneo no mesmo cruzamento, como não podem estacionar num mesmo lugar.
A massa porque é composta a matéria é de uma diversidade infinita. Cerca de uma centena de átomos conhecidos são suficientes para se imaginar as possibilidades de composições que podem realizar para gerar as moléculas, que por sua vez compostas geram os organismos. Os elementos químicos — lítio, ouro, oxigénio, urânio, azoto... — são os ingredientes dos quais toda a matéria é composta. Uma determinada quantidade de matéria é mais complexa quanto maior for a quantidade de elementos químicos nela intervenientes, e quanto mais complexa também for a sua organização — a água é um exemplo de matéria simples [dois átomos de hidrogénio compostos com um de oxigénio originam uma molécula de água] muitas moléculas reunidas formam a água que conhecemos no estado líquido, em gelo ou em vapor... sempre água, sempre matéria. O nosso corpo é um exemplo de matéria complexa — a mais complexa por nós conhecida. O ferro, o cálcio, o fósforo, o carbono, o oxigénio e o hidrogénio, são alguns dos componentes químicos que se reuniram das formas mais complexas e durante milhões de anos para formarem o nosso corpo. As rochas, os animais, as plantas, as nuvens, o ar, a lua, enfim, tudo o que ocupa espaço, se for decomposto, reduz-se a átomos dos elementos básicos.
Cada elemento químico tem características diferentes dos outros. Assim, cada porção de matéria é diferente das outras conforme os elementos químicos que nela intervêm e conforme as composições que estes realizam — uma esfera de aço é resistente, de chumbo é pesada, de borracha saltita, de vidro parte, de ouro brilha, de carvão suja — da mesma forma, cada porção de matéria reage às outras conforme as características de cada uma. A principal característica dos elementos químicos é a massa. Quanto mais pesados os elementos forem, maior é a massa da quantidade de matéria por eles composta. Quanto maior for a massa de uma quantidade de matéria mais essa quantidade de matéria atraí outras quantidades de matéria. Daí caracterizar-se a matéria por ter peso – o peso apenas é a força da atracção de uma quantidade de matéria por outra quantidade de matéria. Uma grande quantidade [a terra] atrai uma quantidade pequena [um objecto].
E a gravidade é uma forma de energia que, como todas as outras, só existe devido à existência da matéria. A energia electromagnética existe devido ao movimento dos electrões que todos os átomos contêm nas suas camadas exteriores. As energias nucleares existem devido ao movimento dos protões e dos neutrões existentes nos núcleos dos átomos. Estes movimentos energéticos — gravitacional, electromagnético e nuclear — existem devido à relatividade existente entre todos os átomos e quantidades de matéria. Assim, a energia, que não se vê, não se tacteia, não tem peso nem ocupa espaço, e por isso não é material, só é medível devido às transformações que provoca na matéria. O fogo não é matéria, mas só existe porque existe matéria combustível. O calor não é matéria, mas só existe porque existe matéria que o liberta. A luz e som não são matéria, mas existem porque existe matéria que os emite. As ondas hertzianas e radioactivas igualmente. E todos estes derivados da matéria mais ou menos energéticos, apenas são conhecidos, estudados e comprovados devidos aos efeitos registados na matéria. Sem matéria não se conceberia a energia, embora sem energia a matéria fosse morta — uma e outra são essenciais à vida.
E a vida é uma reunião muito complexa das diferentes variedades de matéria com as diferentes variedades de energia. Necessitamos de energia para crescer, mas só sabemos que crescemos pela estrutura material do nosso corpo. Os elementos químicos originaram a vida devido às alterações evolucionais atómicas e moleculares, que fizeram surgir da matéria inorgânica, a vida unicelular e a actual diversidade de espécies de complexidade biológica.
A composição dos elementos químicos é a base de todas as formas de matéria existente na natureza. Desde as mais simples até às mais complexas [desde o ouro, apenas ouro, até ao nosso corpo, ainda longe de se conhecer toda a sua composição, também devido ao facto de estar em permanente mutação por ser um corpo vivo] existe uma infinita variedade de composições materiais — minerais, vegetais e animais. Mas nós [seres humanos] somos a cúpula extrema de toda a complexidade material. Tão extrema que ultrapassamos o material ao atingirmos o espiritual.
A complexidade orgânica do ser humano e nomeadamente do seu cérebro, dotou-o do reconhecimento da consciência. A matéria organizou-se de tal forma complexa, que permitiu ao homem a capacidade de memorizar uma enorme quantidade de dados, primeiro inconsciente e depois conscientemente. Essa consciencialização fez com que o homem atribuísse um significado a tudo o que o rodeava. Significado com valor diferente da existência real.
Assim, todo o simbolismo — cultural, artístico, religioso — nasceu dos significados atribuídos pelo homem a toda a natureza aquando da sua constatação. O homem apenas e só observou a matéria em si, ou efeitos que a energia causavam nela. A energia, ou é matéria em movimento ou é movimento através da matéria. Só é observável através da matéria ou sentida no corpo, que também é matéria — o ponteiro de uma bússola ao rodar para o norte nada significaria se não soubéssemos previamente que é uma bússola com um ponteiro magnético que aponta sempre para o mesmo lado devido ao magnetismo terrestre, e que esse lado é identificado por norte, em relação aos outros pontos cardeais, e que esse norte é magnético por ser diferente do norte geográfico, e que... muitos mais significados se seguiriam...
Todos os significados foram extraídos da matéria para nos orientarem. E nada seríamos sem os significados para nos orientarmos na vida. Toda a nossa espiritualidade está acima da matéria, mas foi dela que nasceu. Como dela nasce tudo o que existe.

Mal

MAL


Guerras, doenças, acidentes, crimes, violações, catástrofes, tragédias, assassínios, suicídios, desgostos, fome, epidemias, pestes, calamidades, inundações, incêndios, assaltos, terrorismo, atentados, ameaças, corrupção, tráfico, prevaricação, mentira, ódio, inveja, desespero, pesadelos, maldições, desânimo, desconfiança, crise, stress, prejuízo, desonestidade, insegurança, infidelidade, loucura, infelicidade, prostituição, pedofilia, xenofobia, sofrimento, pobreza, sequestros, raptos, terramotos, poluição, lixo, droga, sida, escravatura, injustiça, desrespeito, derrotas, conflitos, medo, depressão, dor, e morte.
É interminável a lista de palavras para definir o que nos e prejudicial, o que nos é desagradável, ou o que nos faz mal. Pois o mal está presente na vida com a mesma intensidade que o bem.
A noção de bem e de mal é exclusiva dos humanos. Os animais podem agir bem ou mal, mas só perante a compreensão humana. Os animais apenas sentem prazer ou dor. Os humanos sabem o que sentem.
Os humanos vão classificando de bem ou mal, tudo o que existe, à medida que vão evoluindo no conhecimento da vida e de si próprios. Cada vez existem mais bens e cada vez existem mais males, ou cada vez existem maiores bens e cada vez existem maiores males.
A evolução do bem e do mal, apesar de ter correspondência recíproca, porque quanto maior é o bem maior é o mal, tem particulari-dades que fazem distinção entre cada parte. O bem é construção, é crescimento, é ordem, é organização, é o conjunto de todos em colabora-ção para um fim comum. O mal, pelo contrário, é destruição, decrescimento, desordem e desorganização. É o caos e a anarquia, e basta um homem para o activar. A construção de qualquer coisa é sempre mais lenta, demorada, difícil e trabalhosa, que a sua destruição. Se para construir uma coisa são necessários “n” homens e “y” tempo, para a destruir são necessários menos homens ou menos tempo, ou menos homens e menos tempo.
A história a humana é uma luta constante entre as forças do bem e as forças do mal. Em igualdade de circunstâncias, o mal vence sempre. Por essa razão as batalhas, guerras, crimes, e conquistas com genocídios, estão presentes em todos os relatos históricos. Felizmente as circunstâncias não são sempre iguais, e se um exército deixa arrasada uma cidade, logo outro “exército” voluntário muito maior, une forcas para a reconstruir. E a cidade destruída é transformada numa cidade mais evoluída. Porque tudo tem o seu reverso.
O homem evoluído, superior, moderno, e poderoso, embora num sentido bruto, é aquele que, ainda que em privado pratique o mal, em público proclama o bem. Porque só o bem é obediente, respeitador e cons-trutivo. A educação para o bem, apesar de favorecer a todos em geral, favorece principalmente os educadores. Ninguém ensina o manuseamento de uma arma se não tiver em seu poder outra arma mais poderosa. A segurança e o poder de uns só se solidificam com a obediência, o respeito e o medo dos outros. Os “maus” mandam e os “bons” obedecem — porque se os “bons” mandassem, os “maus” porque eram “maus” não obedeceri-am.
São necessários muitos homens bons, ou que pratiquem o bem, para terem a mesma força que poucos homens maus. Os homens bons existem sempre em maior número, porque só assim é possível o equilíbrio entre o bem e o mal, e daí a evolução.
Para construir é necessário aprender e ser bom, ou ter boas intenções — fazer o bem. Para destruir não é necessário aprender — o podador que aprendeu deixará os ramos ideais para o crescimento adequado da planta; o que não aprendeu pode cortar ramos vitais. Mas, se se aprende e se tem más intenções, a destruição será fatal. Pois quem não sabe, faz mal, e quem sabe, faz bem, mas se quiser fazer mal, este será maior.
O mal é muito mais poderoso que o bem, mas o bem existe em muito maior quantidade. O mal está na natureza humana, por inocência, o bem é a natureza humana, em consciência. Todos somos normalmente educados para o bem. Só assim é possível viver em sociedade, em harmonia e em paz. Mas a educação é apenas a forma de combatermos o mal que há em nós, e este nunca desaparecerá.

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O presente blog é a continuação do blog "O Caminho da Verdade" iniciado na plataforma sapo.pt